sexta-feira, 21 de maio de 2010

Sessão Nostalgia... Crônicas já publicadas... POIS SIM!


POIS SIM!

“O mais grave de todos os “males” que afetam a sociedade brasileira é a burrice. O pior é que esse terrível mal que atinge 70 por cento da sociedade é fruto da microcefalia (atrofiamento cerebral) de 72 por cento de nossa população, de procedência congênita (nascido assim) em virtude de secular processo de desnutrição, que formou essa anomalia”( Uchoa de Mendonça em artigo em Am A Gazeta denominado A Burrice)

“Não estava nada bem o meu pedaço, na verdade, estava bem mamado, bem chumbado, atravessado. Foi por aí na multidão dependurado em u Cordão de reco-reco na mão. Mais tarde encontrei-o num bar chulapa no Largo da Lapa, o leão de raça bebia o quinto copo de cachaça” (Ary Barroso, em Camisa Amarela)

“Luiz respeita Januário. Você pode ser famoso, mas seu pai é mais tinhoso e com ele ninguém vai. Luiz respeita os sete baixos do seu pai” (Luiz Gonzaga reconhecendo em música e letra o talento de seu pai, Januário com uma sanfoninha de sete baixos comparando com seu acordeom moderno de 120)


As mil e uma mortes de Augusto da Fonseca..
Paulo Bonates

Ninguém o conheceu vivo ou morto.
A primeira vez que morreu foi quando o abandonou o avô João, ícone da segurança da aventura e da raça. Depois morreu de novo, quando se despediu para sempre a avó Alice em cujo colo cabia todos os netos e alguns amigos.
Voltaria a morrer muitas vezes, para tempo depois,como uma Fênix e como queria Melanie Klein, nascer de novo. Outra vez morreu quando lhe morreu o casal de irmãos levando junto a alegria de viver da mãe, e um vizinho chamado Cazinho bom de bola, mas não prestava atenção nos ônibus que passavam correndo feito uns danados. Um dia morreu porque apaixonou-se por uma menina de colégio, a Glória, e ela jamais veio a saber disso. Morreu no dia em que ela arranjou um namorado mais feio que ele.
Morreu de novo quando o time em que jogava futebol de salão perdeu a final para o time do Grêmio da escola. Como não fosse bastante,perdeu um penalty e toda a vontade de sair naquela semana. Veio a morrer novamente quando suando até, encostou o dedo mindinho no dedo mindinho da coleguinha no teatro e ela retirou rápido.
Morreu também quando uma das duas calças compridas – marrom de casimira – sujou de óleo e uma tinta branca desgraçada para sair. Saiu arrancando um pedaço, como sairiam todas as suas coisas Era tão linda aquela calça casada com uma camisa amarela ovo que ficou sem par.
Morreu quando se apaixonou correspondido, e acabou perdendo o amor para o nada, o medo, a indecisão. Quantas travessias para ver a sua dulcinéia em Paul e em todos os pensamentos. Pois morreu de novo.
Passou muito tempo sem morrer e sem viver.
Só foi morrer quando – sendo ele Flamengo doente – viu seu time perder por causa de um ponta direita muito do ruim de bola perder vários gols e jogar mal. Tendo morrido passou a torcer pelo América junto com seu querido tio Landinho, o que por si só é uma morte lenta e inexorável.
Morreu quando não acabou o primeiro casamento, mas teve que acabar. Morreu muito, morreu demais.
Morreu quando o país e as verdadeiras forças armadas do país foram invadidos pelo esquema dos Estados Unidos no Golpe de 64. Mas lutou mesmo morto.E morreu de novo.
Que eu me lembre só veio a morrer novamente quando teve que abandonar as redações de jornais e revistas para fazer medicina. Morreria muitas vezes nesse território, cheio de incompletude, pronto-socorros, no fundo. Mas nascia de novo a cada sorriso que se recuperava no outro. E voltava a morrer a cada consciência de que fazia emergência. Não há um curso de medicina no mundo – achava – há cursos de emergência clínica, uma grande UTI porque ninguém se importa com saúde, só com a doença. E morria a toda hora, o cara.
Morreu outra vez quando he saiu o pai, que era uma mãe que era tudo. Até hoje conversa com ele, escondido da patrulha senão volta para o Adauto Botelho em outra função. Morreu muitíssimo aí. Dessa morte ressuscitaria, apenas porque foi a pedido do pai. Não me perguntem como porque não sei. São coisas só dele.
Morreu novamente quando se despediu da mãe e recebeu dela as duas alianças em leito prenhe de infecção hospitalar. Morreu tanto, que pensou em abandonar a medicina já que escrevia. Morreria de outra feira quando descobriu que a concepção binária de causa e efeito da psicanálise é uma tolice simplificadora demais. E morreu da teoria. Nasceu pensando as coisas pela Física, e não pelo físico.
Morreu um tanto quando lhe foi o segundo casamento, por –segundo ele – pura incompetência. Eu lhe disse que não era assim, as coisas tem outros lados. Não me ouviu e morreu de novo. Acho que já estava acostumado, sei lá.
Morreu quando morreu Paulo Torre e depois Raimar.Também aí morreu tanto que o vi ficar com raiva. Pedi-lhe que não morresse, mas novamente morreu.
Teve outras pequenas paradas no intercurso, mas nada que Helinho ou Rogério Montenegro não pudessem acalmar, mesmo tendo tido – sempre quis escrever esta expressão – a perna quebrada por ele em uma pelada no Ouriço Futebol Clube. Morreu um mês, ficando sem jogar bola.
Morreu de novo quando sumiram o próprio Ouriço, o Britz, os bares da Praia do Canto, o Praia Tênis, a navegação costeira e o .SM.S Ana Nery irmã do Rosa da Fonseca, o Hillary e o Hidelbrand da Booth Line, os lotações que serviam a praia do Suá do Marinho Delmaestro, o vocabulário cabixaba (cancha, ponga, furrupa, camarada...).
Nasceu com Rachel, e morreu dez anos depois. Renasceu com Viviane em encantamento e dor. Logo morreria. Pedi-lhe calma, que não andasse desperdiçando em velórios multicoloridos suas vidas felinas, mas que nada. Precisava morrer para viver. Fui aos poucos compreendendo isso. Eu chegava a ficar perto de suas tantas sepulturas, calculando o tempo, para assistir o renascimento. E o pegava no colo cada vez mais cansado, mas sempre vivo. Trazia-o , como ainda o trago, com carinho beijava-lhe o rosto dava um banho de banheira , vestia-o com uma de suas melhores fantasias e jogava-o no mundo.”Vai fazer o que eu não consigo, vai, se precisar ´pode morrer de novo!”.
Eu cá estou para envolver-lhe em um manto, carrega-lo até a exaustão, dar-lhe sopa na boca e um suco de cupuaçu, como fizeram tantos e tantas que não pudeste ver ou ouvir Peço que deixe que eu traduza o seu pranto e a sua aparente arrogância na meiguice que é.. Comigo pode ser ele mesmo, que não tenha medo.
Não mais.

Distraído

O caos tomou conta do Brasil.
Sozinho? Cara forte – comenta Fonseca.

Genial

A proibição de dobrar á direita na rua Afonso Cláudio, no principal cruzamento para evitar o tráfego da ladeira do Colégio Sagrado Coração é uma bobagem. Um sistema inteligente de sinais resolveria facilmente o problema.
Os carros acabam retornando na própria rua para pegar a outra.
Resumindo. Evitou-se uma esculhambaçãozinha e criou-se uma esculhambaçãozona.

Dunga
Dunga que é o único técnico do mundo que é chamado para dirigir a seleção nacional sem ter sido técnico nem de time de várzea. Vai daí convoca o famoso quem mesmo? Afonso.
Podiam ter chamado o Mestre, ou o Atchim, ou o Zangado.
Podiam sim.

Separação

Lendo Pessoa: “Grandes são os desertos e tudo é deserto, salvo erro, naturalmente. Pobre da alma humana com oásis só no deserto ao lado.
Mais vale arrumar a mala”

Volta

Volta a Praia do Canto com as lojas dos shoppings, as pessoas passeando voltam.Voltam os Cafés points, como o Café Tabaco.
Voltam os pássaros da Costa Pereira. Com seus pios.
Dá-lhe Vitória

Ele

A última do Lula: anda elogiando Chavez, da Venezuela.
Quem teria soprado isso para ele?
Estará encontrando-se com Fidel secretamente?

Deslocando

O rei da Espanha, uma espécie de rainha da Inglaterra, mandou Chavez calar a boca. Exatamente como o parlamento espanhol – que manda de fato – faz com a excelência em questão.

Sem mais palavras

O Brasil é o único país no mundo a oficializar o racismo. Julga que 40 por cento dos negros do país são deficientes e dá-lhes entrada nas universidades pela janela.

Antropologismo

Encontrada uma mandíbula de 10 milhões de anos no Quênia, a famosa Nakalipithecus nakayamai.
Falar nisso, a escritora de sacanagem Agatha Christie- jamais alguém entendeu os finais, todos iguais,de suas misteriosas histórias - que era casada com um antropólogo dizia que quanto mais velha ela ficava, mais ele se apaixonava.

Adeus

Morreu mais uma inteligência brilhante, José Carlos da Fonseca, o pai.

FIM

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