terça-feira, 23 de junho de 2009

Le roi est mort, viva a monarquia


Reclamado de quê, plebe rude ignara?

Se a senhora aí encontrar com o deputado Zé Dirceu ou algum de seus cúmplices em um shopping, o que vai acontecer? Com todo o respeito que merece a senhora, iria, no mínimo, pedir autógrafo ao meliante, sobre quem acabou de saber das mais recentes falcatruas. Os membros da Corte podem fazer o que quiserem. O rei jamais fica nu, esqueceu?

Acontece que no Brasil, em que a república e a democracia passaram ao largo, sobrevive a propaganda. Lembram do tristemente célebre Goebells, assim, assim, com Hitler? Pois é, fez a Alemanha inteira acreditar que todos eram um cruzamento perfeito entre Nietch e o Klark Kent.

Se não vejamos.

Somos uma democracia, onde o poder emana do povo, para o povo, essas coisas, não é mesmo? O poder resgata com dispêndios e manhas para menos de seis por cento da população toda a grana disponível no país. Os demais são miseráveis e invisíveis. A cada vez mais escassa classe média tenta equilibrar-se como um bêbado em uma corda bamba, apatetada, isso mesmo minha senhora, aparentando.

Isso faz muito bem ao país que como toda ditadura – e esta, baseada na corrupção e catástrofe cultural é a maior de que tive notícia – basta propagandear. No caso do Brasil, é mais fácil ainda, já que os miseráveis estão recebendo migalhas que nunca receberam antes e publicidade em cima. Nada comparável a Getúlio Vargas, mas o presidente atual iguala-se. E tem razão. O populacho que o elege, não tem a menor consciência de si e do seu mundo.

E a velha massa de manobra, sempre atribuída ao comunismo, nunca esteve tão atuante. Quem elege esses canalhas como representantes não é classe média crítica. Esta está distraída vendo novela ou tentando conseguir um convite para aquela festa no Country Clube. A alienação total é a palavra-chave de nossos tempos, senhora que me lê.

Vou citar um exemplo bizarro, e cômico, caso não fosse trágico. Um estudante médio, universitário, não sabe e nem tem ideia se estamos em uma democracia, uma ditadura, o que quer que seja. E têm toda a razão. A senhora sabe?

Que democracia é essa em que o vice do senador é indicado pelo senador. Geralmente, quem entra com a grana para a propaganda. Que democracia é essa em que o poder judiciário é – na sua cúpula – escolhido pelo presidente? Uma farsa, naturalmente, tão obscura quanto os negros tempos do stalinismo.

Que democracia é essa em que todas as greves – inclusive, e principalmente, as do funcionalismo público – que resultam em declaração de ilegalidade e um arrocho de zero por cento de reajuste há 15 anos. Não tem grana?

Então porque inventar uma aberração metafísica chamada Ministério do Planejamento Futuro – só faltava planejar o passado – com 800 cargos em comissão, eufemismo para o tradicional entrar pela janela.

Há muito tempo que não aparece um governo que faça bem ao país, já que a cúpula nacional está concentrada naquelas inacreditáveis cavernas de Ali Babá, chamadas de Congresso Nacional. Mas este aqui faz questão de publicar – no sentido de “mostrar ao povo” – a bandalheira. Como são neófitos e recusaram-se a pedir dicas aos profissionais como Fernando Henrique caem como uns patinhos. Carregam, por exemplo, dólar na cueca.

Fernando Henrique doou o país sem perder a pose.

Malandro-agulha não perde a linha. Ou para fazer um trocadilho infame: não perde, alinha.

Gostou? Nem eu.

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