terça-feira, 20 de abril de 2010

Brasil um país de todos; “Os que sobrarem”...


Brasil um país de todos; “Os que sobrarem”
Manoel Marques Cardoso*

Beira a imoralidade as declarações dos ilustres: presidente da república, governador e prefeito do Rio de Janeiro. Só para que o leitor tenha uma idéia de como o governo está nadando em dinheiro, num país vizinho compra-se um Honda City por R$. 26.000,00 e aqui no Brasil ele custa em torno de R$. 55.000,00. E no país vizinho também existem impostos.
Estou citando este detalhe para que o cidadão imagine como Lula mudou, não foi só de lado, mas de postura em relação ao que ele sempre combateu até chegar a presidência. Agora defende o que sempre combateu, impostos nas alturas e eficiência no rés do chão.
No dia do desastre no Rio de Janeiro, em que a Folha estampa um bombeiro, desolado, com uma criança morta enrolada num cobertor, todo enlameado, o presidente Lula estava na cidade do Rio para inaugurar obras do PAC no Complexo do Alemão. Claro a inauguração foi suspensa e o ilustre presidente não mostrou a cara, permaneceu no Hotel Copacabana Palace e daí escafedeu-se.
Nessas ocasiões o presidente terceiriza os discursos, mas não deixou de dizer o seguinte: "Todas as enchentes atingem mais as pessoas pobres, que moram em regiões inadequadas. Não é mais possível permitir que as pessoas ocupem áreas irregulares. É preciso que os administradores públicos antevejam isso".
Mais uma pérola Lulista: "A única coisa que a gente pode fazer num momento como este é pedir a Deus que a chuva pare um pouco para as coisas melhorarem e voltarem à normalidade". Sr. Presidente, depois dessa tragédia o que o senhor imagina como normalidade?
Primeiro senhor presidente, os responsáveis pelas tragédias são seus companheiros que estavam fazendo os nós das gravatas para o ato político-eleitoral no Complexo do Alemão, cujo evento Deus frustrou com essa maldita chuva.
Segundo senhor presidente, pobres só podem ocupar áreas inadequadas e ou irregulares, ou o senhor queria que eles fossem morar na Vieira Souto.
O ilustre governador Sergio Cabral, que chorou porque queriam diminuir seus royalties do petróleo não verteu uma lágrima com os 180 mortos no desabamento perfeitamente previsível conforme explica o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos e iguais a este cidadão devem existir milhares. Basta procurar senhor governador.
Disse o seguinte: "Eu peço para as pessoas se retirarem. É uma loucura, é uma irresponsabilidade permanecer nesse momento. Essas pessoas estão cometendo quase um suicídio." Tenha dó governador, isso é coisa que se diga num momento desses, quem os está suicidando é a sua irresponsabilidade por inanição, falta de comprometimento com os cidadãos que mantém suas mordomias. Ou o senhor se esqueceu da tragédia de Angra em que o senhor ao saber do ocorrido disse que no dia seguinte iria ao local, estando em sua casa de veraneio em Mangaratiba a 50 quilômetros do local, com um helicóptero que faria o percurso em 10 minutos. Isso é uma vergonha. Para sua ciência, segundo o TCU, seu colega de PMDB, Gedel Vieira Lima, candidato ao governo da Bahia, endereçou em 2009, 90% das verbas destinadas a evitar tragédias para a Bahia, estado que pretende governar. Isto é seqüestro de dinheiro público, em interesse próprio. Ou não é? O editorial da Folha de 9/4 chama de Fisiologismo Criminoso o fato de 68% das verbas do Ministério de Integração Nacional terem sido destinadas à prefeituras da Bahia governadas por Peemedebistas. O ilustre Eduardo Paes disse o seguinte: "Todas as vias importantes da cidade estão interrompidas por alagamentos. É um risco muito grande para qualquer pessoa tentar atravessar alagamentos".
Sr. prefeito, o senhor está nos chamando de imbecis. Quem não sabe dos riscos que corre ao atravessar alagamentos. Sua obrigação é cumprir com sua função para a qual é pago, governar a cidade com o mínimo de competência. Com 10.000 moradias em risco o senhor só removeu 750. O que está esperando para remover o resto. Que morram antes de dar essa despesa para a prefeitura? Claro, agora são menos, centenas de barracos que desceram morro abaixo. Se o prefeito não sabe só cumpriu 7,5% da meta.
Veja o leitor, o que disse Vera Lucia Cordeiro Abram de Curitiba: "Deveriam ser criminalmente responsabilizados os prefeitos e governadores, atuais e anteriores, pela retenção de verbas que poderiam evitar mortes e sofrimento para a população". As verbas para os reparos dos danos às vitimas de Angra foram liberadas agora, quase quatro meses depois do desastre.
Concordo com a dona Vera em gênero e grau e acrescentaria. Esses políticos deveriam tornar-se inelegíveis por dez anos. Só assim nos livraríamos de tantas hipocrisias e dos hipócritas.

Economista/empresário.

Um comentário:

  1. Nossa, que terrível fazer uma comparação dessa. Porque chorou em um e no outro sim...
    Cada um tem seu momento, não dá para prever. As vezes a gota d'água foi o caso dos royalties.
    Enfim...foi uma comparação cruel.

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